Você já pensou como é o trabalho de tradução?


Você, ao assistir um filme, já se perguntou o porquê das legendas muitas vezes possuírem palavras tão diferentes das falas originais que você escuta? Gostaria de saber o porquê? Acompanhe o post que vamos te explicar! Um óculos com a sua lente focando e deixando mais nítido páginas de um livro. Quando pensamos em tradução, […]

Por: Skylar

6 de dezembro de 2023

Você, ao assistir um filme, já se perguntou o porquê das legendas muitas vezes possuírem palavras tão diferentes das falas originais que você escuta? Gostaria de saber o porquê? Acompanhe o post que vamos te explicar!

Um óculos com a sua lente focando e deixando mais nítido páginas de um livro.

Quando pensamos em tradução, o tipo mais comum que vem em nossa mente é a tradução literal, isto é, a tradução feita palavra por palavra, literalmente. Por exemplo: “A menina tem uma boneca”, em inglês, fica “The girl has a doll”.

No entanto, esse tipo de tradução não é o único existente; tampouco é o tipo “ideal” de tradução — isso porque, além de não haver um “tipo ideal”, a finalidade de uma boa tradução não é ser literal, mas sim transmitir uma mensagem de uma língua ou linguagem para outra, do modo mais fiel possível; principalmente porque traduzir palavra por palavra não significa que a mensagem será transmitida da melhor forma. Parece contraditório? Pois pense na frase “Aquele homem é o cão!” Em português, sabemos que “ser o cão” significa que a pessoa em questão é má e cruel. Mas um falante de inglês, ao se deparar com tradução literal dessa frase, “that man is a dog!”, não teria o mesmo entendimento — pensaria somente que o homem em questão é, literalmente, um cão. Portanto, traduzir cada palavra literalmente não é a prioridade nem o dever do tradutor. O que importa é a transmissão da mensagem, fazer com que o público alvo a entenda.

Quando se trata de legendagem, no entanto, essa transmissão deve ser feita respeitando um número específico de caracteres por linha e por segundo, para que a leitura seja fácil e fluida. Assim, os profissionais de legendagem devem ter um amplo vocabulário e conhecimento de sinônimos, pois, muitas vezes, é necessário trocar palavras ditas originalmente por uma de mesmo significado que seja mais curta — isso é especialmente comum nos casos de legendas do inglês para o português, uma vez que as palavras da língua inglesa tendem a ser mais curtas que as da nossa língua. Outro “truque” para manter a legenda dentro dos limites de caracteres por linha e por segundo envolve utilizar, no caso do português, o sujeito oculto, por exemplo trocando “você + verbo” por “nós (oculto) + verbo”.

Photo by Glen Carrie on Unsplash

Há também outras coisas que devem ser levadas em consideração além do número de caracteres, como por exemplo o nome de criaturas folclóricas e mitológicas. Imagine a seguinte situação: um filme de animação russo sobre Baba Yaga chega ao Brasil, um país que não conhece as histórias de Baba Yaga. O tradutor deve, então, contemplar duas possibilidades, dependendo do público alvo: manter o nome do personagem como Baba Yaga ou trocá-lo por uma criatura folclórica mais ou menos equivalente, como por exemplo uma bruxa ou então uma velha coroca. Esse tipo de adaptação foi muito utilizada nas traduções, dublagens e legendas da famosa série de livros e filmes “Harry Potter”, que adaptou nomes como “boggart” e “troll” para “bicho-papão” e “trasgo” respectivamente.

Em resumo, o profissional de legendagem deve sempre transmitir a mensagem do modo mais fiel possível, mas sempre utilizando diferentes tipos de tradução, a depender do contexto da legenda, e mantendo cada trecho de legenda dentro das regras de caracteres por linha e por segundo.