A democratização do cinema através das plataformas de legendagem


Filmes como “Ainda Estou Aqui” abrem espaço para debater o acesso aos filmes internacionais O filme “Ainda Estou Aqui” ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional no dia 2 de março de 2025. O longa-metragem entrou na disputa em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres). Concorrendo com filmes como […]

Por: Giulia Fantinato

13 de maio de 2025

Filmes como “Ainda Estou Aqui” abrem espaço para debater o acesso aos filmes internacionais

O filme “Ainda Estou Aqui” ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional no dia 2 de março de 2025. O longa-metragem entrou na disputa em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres).

Concorrendo com filmes como “Duna: Parte 2”, o longa mais caro da categoria de “Melhor Filme” que contou com investimento de US$ 190 milhões, “Ainda Estou Aqui” teve orçamento estimado em de US$ 1,5 milhão. As informações são do Internet Movie Database (IMDb).

“Ainda Estou Aqui” alcançou fama internacional e faturou uma bilheteria de US$ 35 milhões, segundo informações do Box Office Mojo. Basta um olhar atento aos dados para perceber que o cinema brasileiro tem potencial que vai muito além de narrativas como “Central do Brasil” (1998) e “Bacurau” (2019). O cenário de produções audiovisuais brasileiras é efervescente e conta com nomes de peso como a dupla de Fernandas (Montenegro e Torres), Wagner Moura, Rodrigo Santoro, entre outros. Além dos nomes mais conhecidos pelo público, encontramos equipes talentosas em muitas produções fora da bolha.

“Um bom caminho é ficar ligado no que vem sendo feito principalmente nas quebradas, nas universidades públicas, nos cineclubes independentes que tem em muitas cidades pelo Brasil. Buscar lugares onde a narrativa é outra, porque a vivência também é”, conta a cineasta Julia Solpin.

Democratização e acessibilidade

O cinema é parte importante no cenário cultural de qualquer país. Poder assistir aos filmes é também um privilégio para algumas pessoas. Afinal, o áudio não é tão acessível quanto a maioria pensa. Pessoas surdas, com perda auditiva ou com deficiências cognitivas podem não conseguir desfrutar das narrativas da mesma forma. A legendagem é uma solução acessível e que auxilia a democratizar o acesso às produções audiovisuais. Adicioná-la em produções dubladas também se mostra essencial para tornar o cinema mais inclusivo.

“A legenda dessa forma é democrática. Da maneira como sempre foi feita, que estamos acostumados: sobreposta ao filme, no rodapé, que permite apreciar o filme e ler a legenda numa mesma tela.”, conta Lak Lobato, ativista da causa dos Surdos Oralizados.

Internacionalização e apoio ao cinema

Walter Salles pode ter trazido o Oscar para o Brasil, mas também chamou a atenção para uma indústria que necessita de fomento. Segundo Solpin, “existe uma dominação cultural forte vinda do cinema estrangeiro, especialmente dos EUA. A lógica é que, ao nos dominar culturalmente, eles influenciam também nossas escolhas, desejos e referências”.

Conquistar espaço em meio às produções premiadas — majoritariamente estadunidenses — parece um desafio. Mesmo com uma tentativa de reposicionamento por parte de algumas premiações — como o Oscar, que só em 2020 alterou o nome da categoria de “Melhor Filme Estrangeiro” para “Melhor Filme Internacional” — ainda é necessário conquistar e lutar por espaço. Afinal, equipes inteiras batalham por um lugar ao sol. Atualmente, o país detentor do maior número de estatuetas segue sendo os Estados Unidos, com 537 triunfos.

Legenda: Cartaz do filme “Ainda Estou Aqui”